sábado, 14 de fevereiro de 2009

Tindersticks Coliseu de Lx 13.02.2009















Foto: Revista Blitz

Passaram quase cinco anos desde a última visita de Staples e companhia à velha sala das Portas de Santo Antão (onde inclusivamente gravaram em 2001 um disco ao vivo aquando da digressão de promoção de "Can our Love..."). O Coliseu dos Recreios esgotou ontem mais uma vez provando que Lisboa sabe receber e nunca esquece os "velhos amigos", pois se existe banda que conseguiu establecer afinidades cá no burgo e criar mesmo um culto, essa banda foram os Tindersticks. Sala repleta de fans devotos curiosamente a grande maioria já nos trinta e muitos a caminho dos quarenta e muitos quarentões também (a primeira visita dos Tindersticks a Portugal foi já no distante ano de 1995), cadeirinhas na plateia, toda a gente sentada e estava assim tudo pronto para que os músicos britânicos dessem início às hostilidades com a belissíma peça instrumental intitulada de "Intro" com a qual iniciam também o novo disco "The Hungry Saw". Stuart Staples entra em palco recebendo logo uma primeira ovação de palmas que se iria repetir mais algumas vezes durante a noite. Mais envelhecido (certamente muitos cigarros e uisques bebidos nas noites boémias do Soho londrino), de cabelo completamente grisalho e com a voz soturna que toda a gente já conhece salta então para "Yesterday Tomorrows", seguido depois the "The flicker of a little girl" (primeiro single extraído de "The Hungry Saw"). Este novo disco foi apresentado todo na íntegra tendo os Tindersticks sabido ir buscar ainda alguns temas mais obscuros da já longa carreira para contrapor com as canções novas deixando de fora alguns dos outros já considerados autênticos clássicos mas mais óbvios. Claro que foi um prazer ouvir "City Sickness", "Sleepy Song" ou "Shes Gone" e "My Sister" ou uma pérola como "No man in the world" (tema da noite), faltando talvez só "Another night in" ou "Jism" para ser uma noite perfeita, "Boobar", e "All the love" foram também canções grandes a destacarem-se na noite de ontem. No final passadas quase duas horas desde o ínicio despediram-se com "Tiny Tears" e agradeceram os aplausos de todo um Coliseu de pé com sorrisos na cara (Staples chegou a dizer que "ali estava em casa"). A música dos Tindersticks continua extremamente elegante e sedutora, música de muito bom gosto para uma "imensa minoria"... fica o alinhamento:

1. Introduction
2.Yesterdays tomorrows
3. The flicker of a little girl
4. Come feel the sun
5. E-type
6. The other side of the world
7. The organist entertains
8. Dying slowly
9. City Sickness
10. Say goodbye to the city
11. Sleepy song
12. Shes gone
13. The hungry saw
14. Mother dear
15. Boobar
16. All the love
17. The turns we took

18. No man in the world
19. Her
20. My Sister

21. Tiny Tears

Ps: Interessante o facto de algumas bandas independentes disponibilizarem na banca de merchandising gravações ao vivo inéditas e só disponiveis para venda nos locais dos concertos. Ontem no Coliseu podia adquirir-se por exemplo um CD gravado ao vivo em Outubro do ano passado na Escócia intitulado Tindersticks "Live at Glasgow City Halls"....delicioso mesmo!

12 comentários:

Rodriguez disse...

Hoje vou ver à casa da música... Acho espantoso que o concerto tenha tido 20 músicas!! 2h e tal, n?
Tenho pena q tenham faltado temas como Let's pretend, marbles, buried bones ou jism...
Paciência.
Parabéns pelo texto e pelo blog. Se quiser pode visitar o meu blog, onde falo mto de música tb.
www.thisblackheart.blogspot.com

PinkMoon disse...

Pena que este pé magoado não me tenha deixado sair de casa ultimamente.
Bem que apetecia apagar a má memória do concerto que deram o ano passado na Zambujeira!

Já tens o novo da Polly?

Anónimo disse...

Obrigado pelo alinhamento :)
Já agora, qual era o nome do tipo que fez a 1ª parte? Gostei bastante.

Blue Bird disse...

Pink Moon ainda não tenho o novo da Polly mas estou mortinho por o apanhar...isso já roda na net?

Blue Bird disse...

Confesso que não vi a primeira parte...desta vez "fui empurrado" para as cadeiras de orquestra (não me estou a queixar) e como tinha lugar mais que reservado fiquei no bar a beber uns copos e à conversa, só entrei na sala dez minutos antes dos Tindersticks começarem...mas foi o David Kitt que também já tinha feito em 2001 quando eles gravaram o disco ao vivo no Coliseu...

Tindergirl disse...

Empurrado? Acho bem que não te queixes :)
Na minha modesta opinião eu acho que valeu bem a pena.

Anónimo disse...

eu estive la'.
foi a minha 1a vez.
nao se pode sentir mais prazer na 1a vez.

Anónimo disse...

Deixa-me apenas referir que The Other Side of the World foi (um) outro momento da noite.

Leiam todos o texto sobre o acontecimento de Ana Tomás no Cotonete: esse sim um exemplo brilhante de como se conta um concerto.

Deixo aqui as minhas impressões sobre a história de um concerto e algumas outras à sua volta, como agradecimento pelo alinhamento que disponibilizaste:

Tindersticks @ Coliseu dos Recreios 13.02.2009



The Other Side of the World!



Nos dias estranhos que vivemos, tornou-se apenas possível a um habitante do Porto, um bilhete para os Tindersticks no Coliseu dos Recreios em Lisboa, com a Casa da Música há um mês esgotada. Globalização regionalizada ou ditaduras de contexto?



Numa insustentável teoria da conspiração, um brutal e cruel exemplo, se mostrava implacável: a ausência a mais uma apresentação em palco - de quem há tanto acompanho - na ferocidade da sua plenitude.



Assistir a este concerto dos Tindersticks não era uma mera questão de curriculum, uma vez que na bagagem traziam um álbum soberbo, pelo que as expectativas estavam perfeitamente ao nível do que permitiram os Portishead, Nick Cave e Sigur Rós, nas aparições em palcos portugueses em 2008: Grandes trabalhos / Imensos concertos.



No meio de tudo isto houve a devoção a Young Marble Giants e Fall, mas as atenções agora são para os "Magnificent Seven" que acostaram em Lisboa @ 13-2-2009.



Os Tindersticks fizeram de "The Hungry Saw" uma obra-prima: a claustrofobia da sua obra tornava-se um peso demasiado difícil de lidar: uma das suas mais fantásticas características ameaçava ser o seu maior veneno, rumo à desintegração existencial, porque em relação à emocional estamos entendidos, certo?

A fasquia estava num ponto elevadíssimo, assente na crença que o concerto a apresentar não se tornasse mais uma desilusão das que enchem estes dias.

O tremor aparecia: a excitação e o receio ocupavam estrategicamente terrenos entre eles, sem permitirem fronteiras perceptíveis.

Mr. Staples rodeou-se dos seus cúmplices, infalíveis nas teclas e guitarras, mais um punhado de outros músicos fabulosos: metais, cordas e percussão: no plano onde se move a perfeição.

O resultado? - um dos mais memoráveis momentos musicais que pude assistir até hoje, que valeu cada km do Porto a Lisboa e volta ao Porto: som irrepreensível, Stuart numa forma soberba, sete músicos em palco numa cumplicidade a rasar o impossível.

Execuções tremendas; canções respiradas até à ultima gota: silêncios rendidos e a fazer brilhar um leque de títulos históricos, em conjunto com outros que o vão passar a ser.

Um último trabalho demonstrado de forma merecidamente exaustiva, na marca condutora da sua única matéria conceptual: a beleza; complementado por algumas das mais brilhantes canções que atravessaram o século passado e, contribuíram para fazer dele, um período de que a História da Música Popular se orgulha.

Dois regressos ao palco pela exigência de um público que lançou a ambiguidade de se recolher em veneração; saber escutar; ou desconhecimento para evitar a classificação de ignorância - talvez demasiada azeda para uma noite inesquecível - é que as explosões no final dos temas, pareceram tão contidas, como o desfile daquelas peças extraordinárias.

Foram poucos e leves os gritos de manifestação pelo que se escutou; muitos os aplausos: estariam as vozes demasiado embargadas?

O fecho, após o comentário de "so many songs"; a coçar a cabeça- fizeste por isso Stuart!, esse, ficou para o sonhado Tiny Tears, ex-libris da beleza que os Tindersticks transportam na sua música.

Enumerar todos os passos que fizeram alto este momento, num banal alinhamento, daria mais um milhar de caracteres, pelo que fica a referência a My Sister, She's Gone, Dying Slowly, Say Goodbye to the City, My Oblivion, de outras eras, para a confirmação absoluta de The Hungry Saw, como um dos enormes álbuns de 2008, ao nivel dos seus melhores trabalhos, contribuindo para o rol de clássicos, sempre que Stuart Staples fizer o favor de nos entregar nas mãos, abertas no agradecimento dessa dádiva. The Other Side of the World, Yesterdays Tomorrows, Boobar Come Back To Me e All the Love serão pérolas para recordar sempre.

Qual a pena por arrombar as portas da Casa Música hoje à noite? - seja ela qual for, seria sempre demasiado leve: desde que permitisse a repetição de momentos como o de ontem.

Os Tindersticks concederam um concerto memorável, agradeceram sentirem-se em casa, devíamos ter pedido para ficarem para o resto da noite, eu pelo menos só tinha comboio de volta ao Porto pela manhã.

Anónimo disse...

Uma pequena correcção, visto que eu também anotei o alinhamento durante o concerto: entre 'The Hungry Saw' e 'Boobar' eles ainda tocaram 'Mother Dear' - num sublime momento da noite.
Fica a palavra.
Cumprimentos!

Tindergirl disse...

Para mim os momentos da noite foram:

Introduction
All the love
No man in the world
My sister.

Foi um regresso muito esperado e desejado por mim.
Um concerto que me deixou sem palavras. Só queria voltar depressa para casa, para não ouvir ruidos e continuar a ouvir a musica deles nos meus ouvidos.
Sem duvida, é a minha banda preferida.

Anónimo disse...

Lendo estes comentários, a minha já tão imensa pena de não ter podido assistir ao concerto parece crescer ainda mais. Só me resta suspirar pelo próximo e rezar para que não decorra muito tempo. Adoro-vos, músicos da minha alma!

PinkMoon disse...

Que eu tenha dado conta não, mas tenho muita curiosidade em ouvir!

Tas a pensar ir à casa da música?